terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Numa tarde nublada qualquer...



 Sempre fui uma sonhadora. E meus sonhos me levavam longe. Me faziam ser princesa, me faziam ser a tirana cruel. Desde a linda garota apaixonada até a chata garota revoltada.
Certo dia num desses longos devaneios, me vi sonhando. Via uma arvore num campo, estava bem longe. Mas como eu procurava um lugar com sombra, fui em sua direção. A verdade é, que mais perto, pude ver que suas folhas estavam caindo e algumas poucas folhas ainda penduradas por um fio.
Talvez diriam que essa arvore estava feia por estar assim, sem folhas. Mostrando seus galhos finos. Mas eu achei simplesmente lindo. E assim escolhi ali. Aquele se tornou um canto particular. Eu ia pra lá quando estava chateada, quando precisava ficar sozinha, quando ficava muito feliz, quando precisava estudar, quando queria ler. Ali era o meu cantinho.
Num desses dias, enquanto eu estava senta lendo, pude ouvir alguns passos. Mas como logo pararam, continuei ali. Ao abaixar o livro, pude ver um menino a me olhar. Ficamos nos encarando durante um tempo, até que um outro garoto apareceu e disse “Te encontrei, que está fazendo aqui de novo?”.
E eu descobri que tinha um pequeno admirador que me via chorando, pulando, lendo, escrevendo, enfim... Que sempre aparecia e ficava sempre escondido. Até este dia.
Após esse encontro, parei para observar mais vezes, e o via. Sempre escondido. Me olhando. Sem nenhuma razão aparente.
No outro dia, logo cedo corri para o meu canto e, sem me lembrar do tal menino, comecei a chorar. Me abaixei e ali fiquei chorando. Quando finalmente consegui levantar a cabeça, pude ver aquele menino novamente me encarando, dessa vez com uma singela preocupação no olhar. O perguntei o que queria e pra minha surpresa ele me respondeu “Não quero mais te ver chorar”. Dei um meio sorriso e perguntei por que ele ficava me olhando escondido.
Eu vi você chorar outro dia e queria saber se você estava bem, mas não conseguia me aproximar, então toda vez que você vinha pra cá, eu vinha também pra ver se você ia chorar. Como há algum tempo você não chorava, eu estava me acostumando a não vir mais aqui, mas depois de hoje, acho que vou continuar vindo.
Você não precisa vir”, minha voz saiu num tom rouco que nem eu reconheceria.
Eu sei”, e ele realmente parecia não ter duvidas disso.
E por que vem?
Gosto de saber que você não esta sozinha quando está triste.
Mas se você fica de longe, eu fico sozinha
Ele deu de ombros, “Estou sempre perto o suficiente pra você saber que eu estou aqui”.
Sorri. Ele tinha razão. Saber que eu não estava sozinha ali, naquele momento, me fez sentir bem.
Depois daquele dia, aquele garoto não ficava mais de longe, começou a se aproximar. E numa tarde nublada qualquer pude constatar o que já tinha de fato percebido, aquele era um garotinho muito especial.

De repente, acordei do meu devaneio e me vi feliz.

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