Deitei-me na cama, que grande ironia, você me apareceu. Num
piscar de olhos, vejo seu sorriso torto. Por um momento até te senti aqui ao
meu lado. Senti teu leve toque, o gosto doce do teu beijo, tua respiração
forte. Foi como se nunca tivesse partido, como se ainda estivesse aqui. Foi
como se ainda quisesse estar aqui. Eu sei, meu bem, que faz tempo que você se
foi e que eu já devia ter seguido em frente. E seu que isso não me leva a lugar
nenhum. Mas, você sabe, sempre tive uma quedinha por músicos, sempre me joguei
do precipício, fui de cabeça, mergulhei, no que se tratava de amor... Sim, eu
sei, que isto não deveria mais acontecer, mas que posso fazer se quando fecho
os olhos só me vêm imagens de você? O que devo falar? Mas fique calmo, as
respostas demoram tanto a chegar, que antes delas eu abro os olhos. Acordando
do meu devaneio. Despertando de um sonho bom. Abro os olhos e me deparo com o
mundo sem chão. O mundo sem você.